Dúvidas
VoltarA reportagem do Jornal Ipanema conversou, nesta semana, com a ginecologista Daniela Diniz. Especialista em endoscopia ginecológica, ela revelou as principais dúvidas que são questionadas por mulheres dentro de um consultório médico.
De acordo com ela, o método de contracepção ainda é o assunto mais abordado pelas pacientes. Em segundo lugar está o ciclo menstrual irregular, além de prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis.
A ginecologista aproveitou para destacar os novos tipos de tratamentos existentes, como a endoscopia ginecológica, método menos invasivo de tratar a mulher contra nódulos de mioma, endometriose pólipos e cistos. “Não precisa mais fazer aquela cirurgia tradicional de cortar a barriga, como na cesariana”, explica. No caso, por meio de aparelhos modernos, é possível fazer a cirurgia necessária por dentro do útero com visualização direta do problema. “A internação é rápida e não precisa ficar longe do trabalho. É bom saber que tem essas opções terapêuticas”, enfatiza.
Principais dúvidas
Jornal Ipanema: quais são as maiores dúvidas das pacientes dentro do consultório?
Daniela Diniz: A maior procura que eu vejo é contracepção, que é a orientação para evitar a gravidez. Hoje em dia a mulher consegue se programar para estudar, trabalhar e acaba planejando ter os filhos um pouco mais tarde. Então, elas querem métodos eficazes e que independam do uso diário para funcionar. A segunda seria a hemorragia, as irregularidades do ciclo menstrual. A gente propõe que as mulheres diminuam o fluxo ou usem métodos para não menstruar. A amenorreia (nome para falta de menstruação) é indicada para prevenção do câncer de ovário, endométrio e para a qualidade de vida.
Jornal Ipanema: qual a orientação profissional para a mulher que quer parar de menstruar?
Daniela Diniz: tudo em medicina precisa ser individualizado. Se a mulher tem indicação médica de ficar sem menstruar, caso ela tenha cisto ovariano ou endometriose, isso pode ser feito a qualquer momento, desde que indicado pelo ginecologista. Se ela quer optar por não menstruar, desde que esteja com toda sua formação pronta, passou pela fase de puberdade e não tenha nenhuma contraindicação ou fatores de risco pode conversar com o ginecologista, mas na maioria dos casos é indicado.
Jornal Ipanema: o que é o câncer do colo de útero?
Daniela Diniz: o câncer de colo do útero é uma doença de transmissão sexual causado pelo vírus HPV. O vírus demora até 10 anos para desenvolver o câncer. Diagnosticamos precocemente a doença pela coleta do papa-nicolau, exame ginecológico tradicional.
Jornal Ipanema: Alguns pais ainda relutam em levar filhas mais novas para a vacinação contra o HPV? Eles têm preconceito contra a vacina?
Daniela Diniz: Têm e é muito frequente. Tomar vacina não é dar carta de autorização para que a menina inicie uma vida sexual. Quanto antes vacinarmos, maior a chance de, no contato sexual, ela já estar protegida. Isso serve também para o uso da pílula anticoncepcional, para a menina que sofrem com ciclo menstrual intenso ou cólica. Mesmo ela não tendo atividade sexual pode usar o anticoncepcional para melhor qualidade de vida.
Jornal Ipanema: Durante suas consultas, você percebe que as mulheres ainda contraem doenças sexualmente transmissíveis?
Daniela Diniz: ainda vemos, com bastante frequência, doenças de transmissão sexual. A mais prevalente é o HPV na forma de verruga ou de lesões no colo do útero. Recentemente tem saído na mídia que infecções como sífilis estão com casos graves, inclusive de transmissão na gestação para o bebê. A prevalência dessas doenças tem aumentado porque a mulher acha que se protegendo de gravidez, tomando pílula ela não precisa usar mais nada. Ela acaba não usando o preservativo, acha que, com o tempo do relacionamento isto basta para se livrar de qualquer tipo da doença.
Jornal Ipanema: com qual periodicidade a mulher deve ir ao ginecologista?
Daniela Diniz: a sugestão é que seja feita uma consulta ginecológica de rotina uma vez por ano. O ginecologista é o grande clínico da mulher, então nessa consulta vai ser investigada alimentação, avaliação de colesterol, triglicérides, apalpação das mamas e coleta do papa-nicolau. Mulheres casadas, que já têm exames de papa-nicolau anteriores normais podem intercalar as coletas a cada três anos, caso não tenham fatores de risco.
Fonte: Jornal Ipanema